As cefaléias no feocromocitoma são parte integrante de um complexo de sinais e sintomas paroxísticos. Elas são caracterizadas por: duração média de segundos até horas; frequência de uma a três vezes ao dia; localização bilateral frontal com irradiação temporal ou, mais raramente, unilateral e occipital; taquicardia e sudorese antecedendo os quadros álgicos; palidez e elevação da pressão arterial acompanhando as crises de cefaléia. Atividades físicas, posição supina, manobras de Valsalva, retirada do tumor são considerados, respectivamente, como fatores desencadeantes, de piora e de melhora clínica1-5.
Os critérios diagnósticos da cefaléia no feocromocitoma propostos pela International Headache Society6 (IHS) sugerem íntima relação com a hipertensão arterial. Estes conceitos podem ser questionados à medida que novos casos e recentes descobertas farmacológicas surgem. Registramos o resultado de estudo da cefaléia e da hipertensão arterial em pacientes com feocromocitoma.Em 70 a 80% dos episódios de descompensação clínica do tumor encontra-se cefaleia associada com a elevação da pressão arterial. Alguns pacientes mesmo na vigência da hipertensão arterial não referem cefaleia. Estes achados sugerem, no mínimo, que a presença de hipertensão arterial não é o único elemento necessário para o aparecimento das cefaléias.
É certo que a elevação das catecolaminas pode produzir mudanças pressóricas sistêmicas, alterando indiretamente o fluxo e a resistência vascular encefálica, ou age diretamente sobre o leito vascular encefálico. No feocromocitoma as alterações vasculares periféricas e centrais são atribuídas às catecolaminas.
Nos pacientes com efeito pressórico a cefaléia desenvolve-se rapidamente e sustenta-se através dos períodos de paroxismo (conceito aceito pela IHS). Por outro lado, as alterações neuroendócrinas fazem com que a dor de cabeça se inicie dentro de poucos minutos, independentemente de a pressão continuar alta ou não.
Tendo em vista a hipótese acima, a cefaléia no feocromocitoma não pode ser atribuída unicamente à tração vascular encefálica secundária a hipertensão arterial4,5. Acreditamos que os casos descritos, principalmente os pertencentes aos grupo SC, devem servir como estímulo para futuros estudos visando ao esclarecimento da influência das catecolaminas e adrenomedulina nas cefaléias.
REFERÊNCIAS
1. Gitlow SE, Mendlowitz M, Wolf RL. The diagnosis of pheochromocytoma. J Mount Sinai Hospital NY
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