Portocath: sistema de longa permanência que possibilita o acesso à veias de grande calibre, implantado nos pacientes que necessitam de tratamento frequente intra-venoso.
Um portocath pode ficar implantado por até 5 anos, sendo necessário apenas heparinizá-lo (ou salinizá-lo) 1 vez por mês, quando não está mais em uso.
O portocath fica totalmente implantado embaixo da pele, sendo puncionado certeiramente por uma agulha específica, chamada hubber point, que assemelha-se a um L de ponta cabeça. Depois de colocada, o sistema é "lavado" com soro e então a medicação é infundida através dele.
Rotina para manipulação de cateteres vasculares centrais de longa permanência
Os cateteres venosos centrais de longa permanência constituem importante fator de risco para infecção, com alto índice de mortalidade. É imprescindível que estes dispositivos vasculares sejam manipulados por profissionais treinados para evitar complicações como infecção ou obstrução, por manuseio inadequado.
Tipos de Cateter
Os cateteres de longa permanência podem permanecer implantados por 1 a 2 anos e são divididos em: semi-implantáveis ( Hickman e Broviac ) e totalmente implantáveis ( Port-a-cath ).
Ambos têm suas vantagens e desvantagens. Para o transplante de medula óssea, são utilizados os semi-implantáveis, que permitem a infusão de maior volume de fluidos. Estes cateteres possuem, em sua maior parte, duplo lúmen, um mais calibroso ( via "large"- amarela ou vermelha ) e outro menos calibroso ( via "small"- azul ou branca ), cada um com funções específicas. Para a coleta de sangue ou infusão de hemoderivados, é sempre utilizada a via mais calibrosa, a não ser em caso de coleta de hemoculturas, quando se colhe uma amostra de sangue das duas vias.
Curativo
O primeiro curativo do sítio de inserção do cateter ( óstio ) deverá ser realizado após 24 horas da data de inserção ou antes caso haja presença visível de sangue decorrente da punção
.
O curativo deverá ser trocado, a seguir, a cada 48 horas ou sempre que o mesmo apresentar-se sujo, molhado ou soltando, respeitando a técnica asséptica, descrita a seguir:
1. Degermar as mãos com água e sabão neutro ou utilizar álcool gel
(com a mesma técnica de fricção das mãos)
2. Caso utilize a técnica "no touch" ( técnica onde se utiliza pinças de curativo, sem o contato direto das mãos no campo ), a utilização de luvas estéreis é dispensável.
3. Retirar o curativo anterior e proceder à troca.
4. Limpar o óstio com soro fisiológico com gaze estéril.
5. Aplicar um toque de Clorexidina alcoólica no óstio.
6. Fechar o curativo com gaze seca estéril e micropore, não esquecendo de datar o curativo.
7. Durante o curativo, palpar o trajeto do cateter para avaliar possível infecção do túnel, o que acarretaria na retirada do mesmo.
8. Avaliar o óstio, buscando sinais de infecção como hiperemia, secreção ( purulenta ou não ), dor e calor.
Obs.: Caso haja presença de secreção ou sangue no óstio, o curativo deve ser trocado diariamente até a ausência de sinais de infecção.
O uso de máscara é dispensável. Recomenda-se não conversar durante o procedimento. É imprescindível o auxílio de um outro profissional para evitar a contaminação do material.
Cateter de Portocath
É um cateter totalmente implantável, com um reservatório e uma câmara de silicone puncionável. Para a punção são utilizadas agulhas específicas, do tipo "hubber point".
Não é indicado para infusão de grandes volumes de fluidos, nem para hemotransfusões ou coleta de sangue (exceto hemoculturas), devido ao seu pequeno calibre, o que favorece à obstrução.
Técnica de Punção
1. Degermar as mãos com Clorexidina degermante
.
2. Preparar todo o material necessário para a punção ( solução antisséptica, luva estéril, gaze, seringa, micropore, campo fenestrado estéril, agulha, soluções a serem infundidas)
3. Realizar a antissepsia da pele no local a ser puncionado com Clorexidina alcoólica, em movimentos circulares, de dentro para fora.
4. Colocar o campo estéril
.
5. Posicionar a câmara do cateter entre os dedos indicador e polegar da mão não dominante, para proceder à punção.
6. Puncionar o cateter e aspirar a solução anticoagulante antes de instalar as soluções a serem infundidas, avaliando o funcionamento do cateter (permeabilidade - bom fluxo e refluxo).
7. Desprezar o material aspirado.
8. Instalar os equipos, extensores.
9. Fixar a agulha com gaze e micropore ou com filme transparente semi-permeável.
Troca da agulha
A agulha do Port-a-cath deverá ser trocada semanalmente, com a mesma técnica da punção inicial.
Troca de circuitos
A troca dos sistemas de infusão deve ser feita à cada 96 horas, sempre respeitando as técnicas assépticas, como lavagem de mãos ou uso de álcool gel. Estes sistemas incluem circuitos de soro, buretas (microfix) e extensores (polifix). Deverão ser trocados à cada etapa em caso de NPT ( nutrição parenteral ), emulsões lipídicas ou infusão de hemoderivados.
É importante que as conexões dos circuitos e do cateter sofram desinfecção com álcool a 70%, cada vez que forem manipuladas para a adição ou retirada de medicação, e as mesmas sejam protegidas com gaze seca e micropore durante o tempo de uso do cateter.
As tampinhas de polifix não devem ser reaproveitadas, sendo, portanto, utilizadas sempre tampinhas novas estéreis.
Importante datar os circuitos para que se tenha um controle da data de troca.
Obs.: Não se faz necessária a troca do sistema de infusão cada vez que se trocar o curativo, uma vez que, apesar de pré-estabelecida em 48 horas, pode ser realizada em um intervalo menor, se porventura estiver sujo, molhado ou solto.
É importante que o curativo esteja sempre limpo e seco.
Obstrução do cateter
A obstrução do cateter é um problema bastante comum deste tipo de dispositivo, por várias razões: infusão de hemoderivados em larga escala e infusão de várias outras drogas concomitantemente. É importante um controle rigoroso da velocidade de infusão, para que seja prontamente substituída ao final, e também a salinização do cateter após hemotransfusões evitando a obstrução que, em muitos casos, implica na retirada do cateter.
Em caso de obstrução:
1. Verificar se todos os clamps do cateter estão abertos;
2. Verificar se os circuitos estão todos abertos;
3. Verificar se há alguma torção do cateter e/ou dos circuitos;
4. Se os itens 1, 2 e 3 estiverem OK, proceder à desobstrução do cateter.
Importante:
Nunca utilizar seringas de insulina ( 1 ml ), devido à pressão exercida pelas mesmas, podendo implicar na fratura do cateter, inviabilizando seu uso. Recomenda-se seringas de 3 ml, que possuem uma boa pressão para desobstrução, porém, sem oferecer riscos de fraturar o dispositivo.
Salinização:
As vias em uso devem ser salinizadas sempre que houver hemotransfusões, infusões de emulsões lipídicas, Albumina, NPT e coleta de sangue para exames. Para as vias que não estão em uso, a salinização deve ser feita semanalmente. Estas medidas mantêm a permeabilidade do cateter, evitando a obstrução, sem a necessidade de utilizar anticoagulantes.
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