quinta-feira, 21 de março de 2013
AO OLHAR A NATUREZA VEMOS O AGIR DE DEUS.
O sol estava se exibindo lá fora e o céu convidava para viver, mesmo sabendo que havia muitas providências a tomar, acordei com preguiça de cumprir os rituais que faço sem nem prestar atenção no que estou sentindo, como tomar banho, colocar uma roupa e cumprir os meus compromissos,se eu disser que foi assim, o que você me diz? Se eu lhe disser que hoje não foi um dia como os outros, que não encontrei energia nem pra sentir culpa pela minha letargia, que hoje levantei devagar e tarde e que não tive vontade de nada, você vai reagir como?
Você vai dizer “te anima” ou vai dizer que tem gente vivendo coisas muito mais graves do que eu (mesmo desconhecendo algumas razão da minha tristeza), vai dizer pra eu colocar uma roupa leve, ouvir uma música revigorante e voltar a ser aquela que sempre fui, velha de guerra.
Você vai fazer isso porque gosta de mim, mas também porque é mais um que não tolera a tristeza: nem a minha, nem a sua, nem a de ninguém. Tristeza é considerada uma anomalia do humor, uma doença contagiosa, que é melhor eliminar desde o primeiro sintoma. Não sorriu hoje? Mas quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro de nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é estar deprimido.
Depressão é coisa muito séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, “Não quero te ver triste assim”, sussurrava Roberto Carlos em meio a outra música. Todos cantam a tristeza, mas poucos a enfrentam de fato. Os esforços não são para compreendê-la, e sim para disfarçá-la, sufocá-la, ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de existir, Claro que é melhor ser alegre que ser triste (agora é Vinícius), mas melhor mesmo é ninguém privar você de sentir o que for. Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que não se permite estar alguns degraus abaixo da euforia.
Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra nada, e nem pra isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor – até que venha a próxima, a minha filha hoje precisa do meu sorriso,do meu otimismo habitual,da minha alegria, não sabendo ela que hoje a minha vontade é chorar,sentir o que ela sente,ficar como ela está,para juntas vencermos, hoje eu não vou a lugar algum, nada vou fazer, sô a tardinha vou ver as crianças pois elas me fazem sentir viva,e quando eu não as vejo sinto saudade,mesmo sendo um dia,fora isso hoje o resto é resto,em primeiro lugar está a minha filha,que é a minha vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário